domingo, 5 de março de 2017

Poetas em defesa da olaria de Estremoz - 03


António Sardinha (1887-1925)
Político, historiador e poeta, natural de Monforte – OBRA POÉTICA:  - Quando as
Nascentes Despertam (1821); - Tronco Reverdecido (1910); - Epopeia da Planície
(1915); - Na Corte da Saudade (1922) - Chuva da Tarde (1923); - Era uma Vez um
Menino (1926); - O Roubo da Europa (1931); - Pequena Casa Lusitana (1937).

O elogio do púcaro

Tu és a minha companha,
eu tenho-te á cabeceira
ó pucarinho de barro,
enfeite da cantareira.

Amigo certo e sabido,
matas a sede e o calor.
Tu vales mais do que pesas,
não se te paga o valor!

Meu bocadinho de barro,
chiando como um cortiço,
tu dás-te com toda a gente,
não te deshonras por isso!

Prantas a agua fresquinha,
sem ti não passa ninguem.
Mimo de reis e de bispos,
não custas mais que um vintem!

Assim, singelo e sem pompa,
ganhaste fama a Estremoz.
Ah, desgraçado daquele
que nunca a bôca te pôs!

És a cubiça das velhas,
contigo se enche um mercado.
Então a vista que metes,
quando tu és empedrado?!

Quero casar-me. Já tenho
dois pucarinhos pequenos.
Pois, p'ra principio de arranjo,
outros começam com menos!

- Amor, se fôres á feira
traz-me uma prenda galante.
Não tragas nada do ourives,
- um pucarinho é bastante!

Vae alta a febre, vae alta,
- p'ra que é que os médicos são?
Ó pucarinho de barro,
acode a esse febrão!

Eu nunca vi neste mundo,
que é gastador e que é louco,
coisa que tanto valesse,
mas que custasse tão pouco!

Assim, singelo e sem pompa,
tu déste fama a Estremoz!
- Ah, desgraçado daquele
 que nunca á bôca te pôs!

quinta-feira, 2 de março de 2017

67 - Berços do Menino Jesus – 6


Berço dos anjinhos.
Sabina Santos (1921-2005).
Colecção particular.

Figurado de Estremoz – 3
O berço dos anjinhos
O berço dos anjinhos é mais uma representação alegórica ao nascimento de Jesus numa manjedoura. Trata-se de um conjunto em barro policromado, constituído por um berço, uma figura antropomórfica masculina (o Menino Jesus) e duas figuras celestiais (os anjinhos). Este tipo de berço tem existência individual e não costuma integrar o presépio de trono ou de altar e os de 3, 6 e 9 figuras.
Merece particular descrição, o modelo de Sabina Santos, pertencente a colecção particular. O berço, de forma rectangular, está assente em 4 pés em forma de sino, colocados nas extremidades e possui um espaldar elevado, em forma de sector elíptico, orlado por um adorno de pregas, aparentando folho. O berço, de cor amarela, apresenta à frente e lateralmente, arcos sensivelmente ogivais, prateados e com manchas irregulares de cor verde e amarela. Os arcos encontram-se decorados frontalmente com palmas de cor verde, apresentando entre eles, botões florais de cores diversas.
A cor do folho é azul do Ultramar. O espaldar está enfeitado por um laço prateado com volumetria, ladeado por duas flores de oito pétalas, alternadamente vermelhas e negras. Os pés do berço são prateados, com manchas irregulares de cor verde e amarela.
No centro do folho encontra-se empoleirado um galo, ladeado de dois anjinhos, olhando qualquer deles em frente.
O galo tem as patas figuradas por dois pedaços de arame, apresenta as asas recolhidas e a cauda erguida. O galo é branco, pintalgado de negro e apresenta linhas negras, configurando as penas. Os olhos estão representados por dois pontos negros e o bico é amarelo, de forma cónica. Na cabeça, o galo ostenta uma crista e um papo, ambos vermelhos.
Os anjinhos estão despidos e sentados, tocando uma trombeta que seguram com ambas as mãos, nas quais linhas incisas representam os dedos. As trombetas e as asas abertas dos anjinhos são prateadas.
Na cabeça dos anjinhos, o cabelo é de cor castanha. Os olhos estão representados por dois pontos negros, encimados por dois traços da mesma cor, que representam as pestanas e as sobrancelhas. O nariz é em relevo e a boca apresenta lábios delineados e de cor vermelha. De cada lado da face é visível uma roseta alaranjada.
No interior do berço está assente uma manta branca com a orla decorada com listas incisas, alternadamente de cor preta e alaranjada, assim como uma almofada branca decorada de igual maneira.
Assente na manta e com a cabeça sobre a almofada, encontra-se a figura do Menino Jesus, despida e deitada de costas, com a perna esquerda sobreposta à direita. O braço direito apoia-se no peito e o braço esquerdo esticado, acompanha o corpo. Nas mãos, linhas incisas representam os dedos. Na cabeça do Menino, o cabelo é de cor castanha. Os olhos são figurados por dois pontos negros, encimados por dois traços da mesma cor, que figuram as pestanas e as sobrancelhas. O nariz é em relevo e a boca apresenta lábios esboçados e de cor vermelha. De cada lado da face é visível uma roseta alaranjada.
O facto de este tipo de berços estar enfeitado por um laço e por palmas, leva a que seja também designado por berço enfeitado.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Poetas em defesa da olaria de Estremoz - 02


Augusto Molarinho de Andrade (1948-)
Contabilista, natural de Mina de S.Domingos (Mértola). Reside em Lisboa.
LIVROS PUBLICADOS: - Alentejano e Poeta - Ao Sabor da Fantasia (2015); 
- Alentejano e Poeta - O Sonho Continua - Palavras Com Verdade (2016).

Os barros do Alentejo…

Entre as profissões mais belas
Algumas saltam à vista
Pela beleza que expõem
Os barros feitos à mão
Não fogem à tradição
Nas imagens que compõem

Essas mãos que vão moldando
Peças raras, com carinho
São rudes, mas com talento
Pinturas com que as decoram
São imagens que devoram
Sua alma e pensamento

Apresentam os contrastes
Dum Alentejo profundo
Que tanta gente ignora
Pintam as belas ceifeiras
Os ranchos de mondadeiras
Profissões extintas agora

Vão usando a sua arte
Que pretendem preservar
Como sendo seu tesouro
O espólio do passado
Não deve ser apagado
Mas ofertado ao vindouro

São tantos, quase ignorados
Esses artistas que habitam
Nas terras do interior
Os oleiros, arte tão nobre
Num País de gente pobre
Mas de talento e valor

Cinzeiros, pratos e bilhas
Peças moldadas à mão
Enfeitiçam os de fora
Tudo feito com amor
Um simples monte, uma flor
Talento que neles mora

Mas por motivos diversos
Este ancestral património
Aos poucos desaparece
Há que pugnar com firmeza
Pra conservar tal riqueza
Porque essa arte merece

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Mercado das velharias



O sábado constitui um ponto alto na semana estremocense. Há mercado, o que se traduz em fluxos consideráveis de forasteiros que vêm até nós, o que tem reflexos muito positivos na economia local. Creio ser interessante analisar aqui alguns aspectos sociológicos do mercado das velharias.

Ainda as bancas estão a ser montadas e já se começam a fazer negócios. Os primeiros compradores são os próprios vendedores, que procuram peças para clientes seus. Por essa hora já por ali andam alguns frequentadores assíduos, como é o meu caso. Procuramos coisas que o imaginário que nos vai na alma nos incita a demandar.
No espaço do mercado das velharias coexistem três fraternidades: 1 - FRATERNIDADE DOS VENDEDORES - Engloba: antiquários, alfarrabistas, ourives, moedeiros, vendedores de roupa antiga, revendedores de recheios de casa, ferro-velhos, etc. Começam a conviver logo no mata-bicho, ainda antes de armarem as bancas. Alguns já se encontraram noutros locais, depois de sábado passado. De qualquer modo, começam logo ali a pôr a escrita em dia. Partem de seguida para a montagem e arrumação das bancas, o que alguns não fazem sozinhos ou porque têm sociedade ou trazem família. É vulgar ouvir exclamações do género: “Vamos lá ver o que é que isto hoje vai dar!”. Cada um deles à sua maneira, é mestre na técnica de vendas. Com ou sem regateio ou com atençõezinhas com os clientes, lá vão fazendo negócio. Cada um deles tem o seu tipo próprio de clientes, o qual procura fidelizar, já que lhe conhece os gostos. Aqueles que têm a melhor mercadoria costumam dizer: “Os meus clientes só aparecem a partir das 11 horas”. A meio da manhã vão todos molhar o bico e alguns continuam conversas interrompidas. Dali partem para dar o seu melhor até ao encerramento do mercado, lá pela uma da tarde. Então, depois de darem contas à vida, lá vão levantando as bancas e encaixotando a mercadoria. É uma tarefa cíclica que faz parte do ofício que uns sempre tiveram e outros tomaram como seu, para reforçarem as pensões de reforma. Alguns e até porque vão para longe, criaram o hábito de almoçar juntos, o que fazem num restaurante vizinho. Não sendo uma classe, os vendedores constituem uma fraternidade que se pode manifestar de maneiras inesperadas, como aconteceu recentemente no funeral dum vendedor em Évora, onde compareceram vendedores de todo o país. 2 - FRATERNIDADE DOS CLIENTES - Os compradores são dos mais diversos. Há aqueles que compram circunstancialmente algo de que gostaram e aqueles que são coleccionadores de objectos de determinada tipologia ou tema. Alguns são simples ajuntadores. Todavia, há aqueles que são recolectores e procuram reunir provas materiais ou imateriais de tempos idos, visando reconstruir essa época, o que muitas vezes conduz à publicação de estudos sobre o assunto. Daí que os coleccionadores constituam uma fonte de informação preciosa para os vendedores, dos quais recebem também ensinamentos. Os clientes constituem também uma fraternidade, pois partilham informação e dão conhecimento uns aos outros de peças que lhe possam interessar. Por vezes também convivem à mesa do café ou restaurante mais próximo. 3 - FRATERNIDADE DOS MIRONES - Há diversos tipos de mirones: - Os que vão visitar as bancas como quem visita um museu, ou não fosse o mercado de velharias um museu generalista desarrumado; - Os que passam pelas bancas para chamar a atenção de amigos ou familiares para determinados objectos. São vulgares conversas do tipo ”Lembras-te José, quando a gente tosquiava ovelhas com tesouras daquelas?” ou então “Sabes uma coisa neto? Quando eu era da tua idade não havia computadores. A gente escrevia numa lousa como aquela, com um lápis de pedra daqueles que ali estão. Era o que a gente tinha.”; - Aqueles que passam pelas bancas para perguntar o preço de determinado objecto, pois lá em casa têm um idêntico que poderão vender. Os vendedores já conhecem o estilo e geralmente respondem: “Esse objecto não tem preço. Não está à venda!”. Os mirones constituem igualmente uma fraternidade, caracterizada por não gastar um cêntimo e que ao serem muitos, podem dar a falsa impressão de o mercado estar forte, quando pode estar mesmo fraco em termos de compras e vendas. 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Salvemos a olaria! - III

Mestre Mário Lagartinho (1935-2016), o último oleiro de Estremoz.

Cursos de olaria? Não, obrigado!
No número 168 (12-1-2017) deste jornal, em crónica intitulada “Salvemos a olaria!”, após análise dos depoimentos prestados anteriormente por CME, ESRSI e IEFP, concluí que o IEFP assegura e custeia integralmente os Cursos de Olaria, sendo todavia necessário que uma entidade com legitimidade e sentido de responsabilidade para o fazer, como é o caso da CME, possa solicitar institucionalmente e com custo zero, a criação dos Cursos de Olaria ao IEFP. Foi então posta ao Município, a seguinte questão:
- “Está a CME disponível para solicitar ao IEFP a criação dos Cursos de Olaria, tal como é sugerido? “
O Município recusou-se a responder à questão formulada, o que é legítimo, tal como a frustração gerada na opinião pública, face a tal recusa. Para além disso, escudou-se em três declarações: 1 – O Município é receptivo às sugestões dos cidadãos, apresentadas na sequência do desenrolar natural das suas legítimas actividades cívicas. Tais sugestões são importantes em termos de tomada de decisões, mas nada obriga a que a sugestão tenha de ser seguida; 2 – O Município foi sufragado pelos cidadãos que lhe conferiram o poder de decisão sobre as matérias que legalmente são da sua competência; 3 – A sede própria para apresentar sugestões é o próprio Município, a quem compete ponderar sobre o seu interesse.
Este jornal não põe em causa a legitimidade de tais afirmações, mas declara que carece de demonstração, que a apresentação de sugestões na Imprensa local, possa configurar qualquer tipo de “pressão” sobre o Município.

A missão deste jornal
À semelhança dos partidos políticos, a Imprensa ainda que de uma forma distinta, dada a sua natureza diferenciada, constitui um dos pilares mais sólidos da Democracia.
Este jornal respeita os direitos, liberdades e garantias consignadas na Constituição da República Portuguesa e como tal, orienta-se pelos princípios da liberdade, do pluralismo e da independência do poder político e económico, bem como de qualquer credo, doutrina ou ideologia. A sua única subordinação é a Deontologia da Comunicação Social, a Lei de Imprensa, o Estatuto do Jornalista e o Estatuto Editorial.
Como tal, privilegia a informação isenta, rigorosa e objectiva, distinguindo claramente os espaços de opinião e assegurando nestes o confronto das diversas correntes de pensamento, através do exercício do princípio do contraditório. Todavia não fica por aqui, já que a Imprensa assumiu há muito e por direito próprio, um papel formativo e pedagógico, rastreando e equacionando problemas cuja resolução possa interessar à Comunidade. Por isso, a partilha de preocupações com o leitor é legítima, já que pode contribuir para que estes, em liberdade possam reflectir como se impõe sobre temas importantes, muitos dos quais têm a ver com a preservação e a salvaguarda da nossa identidade cultural local, como é o caso do risco de extinção da olaria estremocense.

A César o que é de César         
Este, o início de uma frase atribuída a Jesus nos evangelhos canónicos, aceites como autênticos pela maioria dos cristãos. Aí se lê: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” [Mateus (22:21), Marcos (12:17), Lucas (20:25)]. A frase resume a relação entre o cristianismo e a autoridade secular.
Na literatura de tradição oral, a separação de poderes está patente no adágio “O seu a seu dono”, bem como na expressão idiomática “Cada macaco no seu galho”, que traduz a convicção de que cada um de nós deve ocupar o seu devido lugar, sem intrometer-se em coisas que não são da sua competência. Significa isto que não compete à Imprensa substituir-se ao poder sufragado, tal como não compete a este fazer juízos de que o exercício do jornalismo é uma forma de “pressão” sobre ele.

Em que ficamos?
No número 165 (1-12-2016) deste jornal, vem inserida a reportagem “Autarquia, escola e emprego apoiam a iniciativa”, onde sob a epígrafe “Município disponível para estabelecer parcerias” é afirmado por um porta-voz do Município, que a CME está consciente da necessidade de recuperação e salvaguarda da olaria de Estremoz, através da criação de um centro de formação e promoção desta actividade artesanal, característica do concelho.
Tudo leva a crer agora que o Município queira chamar a si, a responsabilidade de impedir a extinção da olaria estremocense, sem qualquer intervenção do IEFP, recorrendo para tal ao edifício da antiga Olaria Alfacinha, cuja aquisição procura concretizar há mais de 15 anos. Ficamos todos na expectativa de ver concretizar o Plano que o Município tem para a recuperação e salvaguarda da olaria de Estremoz. Este jornal transmitirá para a posteridade a Memória do esforço que foi desenvolvido nesse sentido. Aos vindouros caberá ajuizar o papel de cada um dos intervenientes em todo este processo.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

66 - Berços do Menino Jesus – 5


Berço das pombinhas (Anos 80 do séc. XX).
Liberdade da Conceição (1913-1990).
Colecção particular.

Figurado de Estremoz – 2
Simbologia do berço das pombinhas
O berço das pombinhas é revelador da modificação introduzida pelos nossos barristas ao contexto do nascimento de Jesus. Nele, a manjedoura de Belém transfigurou-se em berço com espaldar à maneira das camas senhoriais, já que para os cristãos, Jesus Cristo é Rei e Senhor do Universo. O berço é decorado com recurso ao azul do Ultramar e ao ocre amarelo. Trata-se de cores garridas associadas às claridades do Sul e que são utilizadas no embelezamento das habitações populares desta terra transtagana.
Na simbologia judaico-cristã, a pomba é um símbolo de pureza e de simplicidade, bem como daquilo que de imorredouro existe no Homem, o princípio vital, a Alma. As quatro pombas brancas poderão ser uma representação alegórica dos quatro evangelistas (Mateus, Marcos, Lucas e João) que narraram a vida e a doutrina de Jesus Cristo como um Evangelho, visando preservar os seus ensinamentos ou revelar aspectos da natureza de Deus.
O simbolismo do galo está associado aos cultos solares da antiguidade, nos quais o Sol era venerado como divindade. De acordo com a tradição do culto mitraísta, o galo cantou no momento do nascimento de Mitra, o deus do Sol, da sabedoria e da guerra na Mitologia Persa. O mito viria a ser recuperado pela religião cristã, estando na origem da Missa do Galo, celebrada na passagem do dia 24 para o 25 de Dezembro, assinalando o nascimento de Jesus. Não há confirmação histórica de que Jesus tenha nascido na data em que se comemorava o nascimento de Mitra. Todavia, ela foi adoptada pelo cristianismo, visando fundir os dois cultos, uma vez que o culto a Mitra estava enraizado entre os romanos. A data corresponde também no Hemisfério Norte ao início do Solstício de Inverno, no qual os mitraístas celebravam o seu culto. O cristianismo adoptou o galo como símbolo do arauto anunciador de boas novas, uma vez que o nascimento de Jesus correspondia ao despontar de uma nova luz para o mundo. De acordo com a lenda, a única vez que o galo cantou foi à meia-noite, anunciando o nascimento de Jesus.
De acordo com a Mitologia Popular Portuguesa: - O galo quando canta diz: “Jesus é Cristo”; - O canto do galo à meia-noite faz dispersar a assembleia do Diabo e das Bruxas; - É mau agouro um galo cantar antes da meia-noite. Lá diz o provérbio: “Galo que fora de horas canta / Cutelo na garganta”; - O galo preto espanta as coisas ruins; - De acordo com o adagiário português “Galo branco não dá manhã certa”.
A figura do Menino Jesus está deitada sobre o seu lado direito. O braço esquerdo apoia-se no peito. Trata-se possivelmente de uma alegoria ao “Sagrado Coração de Jesus”. Recorde-se que no antigo Egipto, a mão colocada sobre o peito, indicava a atitude do sábio, que no caso de Jesus é Sabedoria Divina. Já a mão direita no pescoço assinalava a posição do sacrifício, aqui uma possível alegoria ao sacrifício de Jesus na cruz.